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18/07/2005
Um buscador feito por voluntários
Atualizado por 12 mil pessoas, Open Directory Project reúne 4,6 milhões de sites e está entre os maiores diretórios do mundo
Maurício Moraes e Silva
Sem ganhar um centavo sequer, cerca de 12 mil pessoas dedicam parte do seu tempo diário a uma tarefa quase impossível: filtrar os milhões de sites da internet e escolher apenas aqueles que valem uma visita.
Esse verdadeiro exército de voluntários faz parte do Open Directory Project (ODP) ou “Projeto de Diretório Aberto”, um catálogo de endereços no estilo dos mais do que conhecidos Yahoo e Cadê. A grande diferença do site, acessado pelo endereço
http://dmoz.org , está em não ter nenhum interesse comercial por trás do seu conteúdo.
Gente do mundo todo ajuda a alimentá-lo com novos endereços, inclusive brasileiros. Apesar de ser pouco conhecido no País, o ODP existe desde 1998, quando a internet ainda se preparava para deslanchar por aqui. Os números impressionam. Há 4,6 milhões de páginas cadastradas em 787 mil categorias – uma quantidade bem maior do que a do Yahoo, que, segundo estimativas não oficiais, teria perto de 3 milhões de home pages listadas. A cada dia, são incluídos aproximadamente 2 mil novos sites no ODP.
O espírito é bem semelhante ao da Wikipedia, a enciclopédia virtual construída por milhares de voluntários. Qualquer um pode colaborar, mas o ODP exige que o colaborador passe por um pequeno processo seletivo. Os interessados precisam escolher uma subcategoria e preencher um formulário para se candidatar à vaga de editor. Um dos participantes com nível hierárquico superior analisa o pedido e decide se o aprova ou rejeita. “Tive de tentar umas três vezes até conseguir”, lembra o empresário Roberto Bertó, de 22 anos, que hoje ajuda a cuidar de quatro categorias.
Como o uso do conteúdo do site é livre, as informações são aproveitadas por 360 páginas espalhadas pelo mundo, incluindo Google, AOL Search e Netscape Search. Foi ao fazer uma busca no diretório do Google em 2002 que o professor de informática José Mario Cesar de Mattos, de 50 anos, descobriu o ODP. Achou a proposta tão interessante que resolveu participar. “Eu acredito nesse trabalho e até sugeri que fosse incentivado o regionalismo”, afirma. Para ele, isso levaria home pages com conteúdos muito específicos a não ficarem perdidas em meio a milhares de outros endereços da rede. Hoje ele está entre os responsáveis pela categoria regional “Brasil”.
O Open Directory Project começou com o nome de Gnuhoo, uma empresa criada por dois engenheiros da Sun Microsystems na época em que o Yahoo passou a cobrar pela inclusão de endereços. A idéia estava em servir como uma alternativa que não exigisse pagamentos e contasse com voluntários. Rebatizada de Newhoo, a empresa foi comprada pela Netscape ainda em 1998 e passou a se chamar ODP. Também ficou conhecida como Dmoz, uma abreviação de “Diretório Mozilla”.
À medida que aumentava o número de colaboradores, melhores se tornavam os mecanismos criados pelos participantes para garantir um conteúdo livre de fraudes ou de anúncios disfarçados de links. “Todo mundo tem de dizer a que sites está afiliado”, exemplifica o editor Mattos. Além disso, tudo o que for alterado ou incluído fica registrado, o que permite fiscalizar os participantes. Uma irregularidade é suficiente para o desligamento. Tamanho cuidado se justifica. Como sites adicionados passam a aparecer com destaque em pesquisas feitas com outros buscadores, muita gente tenta burlar as regras para ganhar dinheiro com inclusão de páginas.
Embora ainda pertença à Netscape, o ODP não sofre nenhum tipo de interferência corporativa. A administração está nas mãos dos editores mais experientes, também responsáveis por voluntários como o webmaster Thiago Ribeiro Cabral, de 18 anos. Pela sua avaliação já passaram mais de mil home pages e virão ainda muitas outras. “Hoje, algumas buscas no Google e no Yahoo não mostram resultados tão eficientes como no ODP”, avalia. Daí o motivo por que quer contribuir para melhorar ainda mais a ferramenta. “Eu acredito na evolução da internet.”
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